Racismo reverso (inverso) existe? Saiba a importância de entender esse conceito!

Certamente, se você está sempre online nas redes sociais, já deve ter se deparado com esse termo alguma vez no seu feed de atualizações. Ou, mais que isso, ter visto de perto, com os próprios olhos, uma pessoa negra ofendendo uma branca: “Seu branquelo azedo!”.

Episódios como esse levantam corriqueiramente na internet debates sobre o chamado racismo reverso (ou inverso), que nada mais é que o preconceito de negros contra brancos, e divide opiniões.

Para você entender melhor, no ano passado, por exemplo, uma propaganda da famosa marca O Boticário para o Dia dos Pais acirrou as discussões em torno do assunto, depois que a peça publicitária postada em julho de 2018 apostou em cenas de uma família formada 100% por negros para fazer o comercial de perfumes.

O vídeo, que teve mais de 6,9 milhões de visualizações no YouTube, gerou repercussão negativa, com uma série de deslikes e comentários de pessoas que acusaram a marca de preconceito contra brancos.

Muitos usuários da plataforma de vídeos do Google comentaram sobre a falta de pessoas brancas na propaganda da empresa, o que seria um ato de racismo reverso (inverso). Mas, afinal, será mesmo que o racismo inverso existe? Seria correto considerar racismo atos discriminatórios sofridos por pessoas brancas?

Ou esse conceito seria mais um exemplo de discriminação contra negros, na qual pessoas brancas estariam se incomodando com a maior atenção à luta contra o racismo e aparição de pessoas negras nos “holofotes” da mídia, como no caso desse comercial da O Boticário?

Descubra nos próximos parágrafos o que é o racismo inverso, se é correto afirmar que ele existe e por que é tão importante você entender esse conceito de uma vez por todas!

O que é o racismo reverso (inverso)?

De acordo com o site Wikipédia, racismo reverso (ou inverso) trata-se de um conceito usado para descrever atitudes discriminatórias e preconceituosas cometidas por minorias raciais ou grupos étnicos historicamente oprimidos contra pessoas pertencentes à maioria racial ou grupos étnicos historicamente dominantes. Isto é, resumidamente, trata-se da discriminação de negros contra brancos.

Esse termo passou a ser utilizado mais recentemente, principalmente por grupos conservadores, que o descrevem como um tipo de “tratamento preferencial, estabelecido contra pessoas inocentes (brancos), em favor de grupos sub-representados (negros), que foram maltratados de maneira injusta no passado”.

Ele também é constantemente utilizado em discursos políticos em países como África do Sul e Estados Unidos. No entanto, não é a primeira vez que o assunto surge na história. Em território americano, por exemplo, o conceito de racismo reverso surgiu em meio ao movimento dos direitos civis dos negros, mas com o nome de “racismo negro”, em referência a grupos como os Panteras Negras.

Esse famoso grupo nada mais era que uma patrulha de cidadãos negros armados que monitorava o comportamento de policiais, a fim de combater violência policial na cidade de Oakland, na Califórnia, em 1966.

Já na África do Sul, foi em 1995 que se ouviu o termo racismo reverso, quando Nelson Mandela acusou vice-chanceleres de universidades predominantemente brancas no país de racismo inverso ao permitirem que estudantes negros protestassem de forma violenta em suas manifestações.

Foi assim também que o seu governo recebeu críticas por conta da lentidão supostamente proposital em torno de políticas sociais, sendo acusado de ter medo de ser classificado como “racista reverso”.

Atualmente, o termo racismo reverso ainda é muito utilizado em discursos políticos pós-apartheid, especialmente em relação ao esforço do governo em tentar equiparar as etnias no serviço público, predominantemente branco.

É claro que, do ponto de vista de grupos reacionários, o conceito de racismo inverso nem mesmo poderia existir, tendo em vista o marco histórico que foi a escravidão negra e toda a luta para que o povo negro fosse respeitado e reconhecido como cidadão na sociedade hoje.

Afinal, racismo reverso existe ou não?

E se você aí já ouviu falar de racismo reverso e tem dúvidas se ele realmente existe ou não, a verdade é que, se observarmos o conceito real de racismo, podemos dizer que ele não existe. Isso porque a definição de racismo está diretamente associada às relações de poder.

Como assim? É simples! Para se encaixar no conceito real de racismo, o que se chama hoje de racismo reverso teria que surgir em meio à condições sociais e políticas precárias vividas por pessoas brancas, o que é impossível existir na sociedade atual, já que os brancos sempre fizeram parte da maioria social.

Logo, podemos concordar que se um negro chama um branco de “branquelo”, mesmo assim, esse indivíduo branco continuará tendo os seus privilégios na sociedade, que foram acumulados durante toda a sua vida.

É diferente do que acontece com negros, que além de serem insultados verbalmente, também têm menos privilégios na sociedade, com uma diferença gritante em relação à oportunidades nas áreas educacionais, sociais, financeiras e culturais.

Mas se um negro xingar um branco, isso não seria de alguma forma preconceito?”. Por mais que o ocorrido colocasse uma pessoa branca em situação vexatória ou de agressão verbal, não podemos dizer que ela estaria sofrendo racismo. Até porque, depois que saísse daquela situação, todo o país se movimentaria de modo a beneficiá-la de algum modo, o que geralmente não aconteceria com um negro.

Resumindo: Tendo em vista que, para o racismo existir, é necessário ter poder, mesmo que realmente houvesse algum preconceito contra pessoas brancas, um negro nunca teria maior poder – em relação aos brancos – dentro da sociedade para praticar racismo. Afinal, ao longo da história, os negros sempre foram minoria social e os brancos sempre fizeram parte da maioria social.

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Até a próxima!

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